ENTRE MINAS é uma publicação de potência rara, mobilizadora e comovente. Através de imagens e textos, Wilson da Costa apresenta os resultados de um projeto que vem realizando há cerca de 5 anos [...], uma bela e melancólica coleta de vestígios da destruição, alinhando-se ao movimento de resistência e fazendo coro com as vozes da população local que, desde 2015, luta para se reerguer dos estragos ambientais, sociais, econômicos e humanos resultantes da atividade da mineração.
Simone Rodrigues - Nau Editora
 
Sobre o trabalho, Antonio Fatorelli escreve: […] a imagem aqui desperta relações, institui uma trama, um amálgama. Ela recolhe, reúne, converge vestígios e traços, ao mesmo tempo que cria, instaura, inaugura uma realidade da imagem. E aqui se encontra (essa é a minha aposta), nesse modo duplo de funcionamento, que associa o registro factual à fabulação, o enigma dessas imagens.
[…] Uma proposição temporal: o que sobressai dessa dupla função da imagem – simultaneamente objetiva e subjetiva – não é o tempo cronológico, datado, dos eventos, mas o tempo crônico, intensivo, anacrônico, reportado à lógica extrativista, ao contexto colonial, ao ideário neoliberal, um tempo complexo que faz dobras, possível de ser aferido na idade geológica dos minerais, tanto quanto nessas marcas das tragédias de Mariana e Brumadinho. 
 
Bio
Wilson da Costa é um fotógrafo carioca de profundas relações com Minas Gerais.
Com passagens pela imprensa no final dos anos 80, desde então é um fotógrafo independente. Partindo do crime do rompimento da Barragem I no Córrego de Feijão na cidade de Brumadinho, continua a percorrer as inúmeras regiões afetadas pela mineração no Estado de Minas. Em 2022 começou a estabelecer uma relação muito próxima com a Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão, em Mariana - a quem primeiro apresentou o projeto do livro - e outros atores envolvidos com as consequências devastadoras da mineração.