"Numa grande alegoria que apresenta literalmente o avesso de uma sociedade com enorme desigualdade socioeconômica, a fotógrafa apresenta um vilarejo que poderia ser em qualquer parte dos rincões do Brasil. A falta de estruturas do Estado — escolas, saneamento básico, hospitais — é um ingrediente comum a esses lugares representados em Avesso, assim como sua população que não vislumbra possibilidades de grandes mobilidades sociais.
Logo no início da narrativa, a ideia de um lugar bucólico é desconstruída com uma série de imagens que remetem a olhares aprisionados de trabalhadores que têm a lavoura de cana- de-açúcar como denominador comum com seus descendentes que habitavam a mesma região no Brasil colônia.
A autora nos conduz com suas imagens simples a um lugar que se mostra rústico e duro e ao mesmo tempo acolhedor para as pessoas que lá estão. Em suas fotografias, a fé vem como esperança e a realidade se faz presente principalmente em imagens emblemáticas como um cachorro observando Deus e a de uma roda gigante faltando pedaços. Até o brasão de um time icônico de futebol que representava esperança de alegria nas décadas de 1950 e 1960 surge perdido na num cenário em que um treminhão de cana-de-açúcar cruza a paisagem, numa referência ao cultivo do século XVI e XVII que foi responsável pela vinda de cerca de cinco milhões de escravizados da África para trabalhar nas lavouras brasileiras."
Avesso - Jô Gonçalves
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formato: 14x21cm
número de páginas: 72
tiragem: 100 exemplares
fotografias: Jô Gonçalves
texto: Valdemir Cunha
impressão: Forma Certa
edição: 2025